Livro de Comunicação e Expressão através dos textos

Livro de Comunicação e Expressão através dos textos

terça-feira, 13 de julho de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tipos de Discurso

Discurso Lúdico

Consideremos que esta seria a forma mais aberta e “democrática” de discurso. Residiria aqui um menor grau de persuasão, tendendo, em alguns casos, ao quase desaparecimento do imperativo e da verdade única e acabada. Lúdico significa jogo.
O discurso lúdico compreenderia boa parte da produção artística, por exemplo, a música, a literatura. A própria descoberta da linguagem pela criança tem muito deste caráter de jogo com as palavras: prazer e encantamento com os mistérios dos sons. Seria, pois, um tipo de discurso marcado pelo jogo de interlocuções, no qual o signo ganha uma dimensão múltipla, plural, de forte polissemia.

Discurso Polêmico

Cria um novo centramento na relação entre os interlocutores, aumentando o grau de persuasão. Agora, os conceitos enunciados são dirigidos como num embate/debate. Há uma luta, onde uma voz tenderá a derrotar a outra. Nesse caso, o grau de polissemia tende a baixar, dado existir o desejo do eu em dominar o referente. O discurso polêmico possui um certo grau de instigação, visto apresentar argumentos que podem ser contestados. Digamos que o enunciador opera a uma abertura sob controle.

Discurso Autoritário

Essa é a formação discursiva por excelência persuasiva. Aqui se instalam todas as condições para o exercício da dominação da palavra. O tu se transforma em mero receptor, sem qualquer possibilidade de interferir e modificar aquilo que está sendo dito. É um discurso exclusivista que não permite mediações ou ponderações.
A sociedade moderna está fortemente impregnada desta forma de discurso.
O discurso autoritário é encontrável, de forma mais ou menos mascarada, na família: o pai que manda, sob a máscara do conselho; na igreja: o padre que ameaça sob a guarda de Deus; no quartel: o grito que visa a preservar a ordem e a hierarquia; na comunicação de massa: o chamado publicitário, que tem por objetivo racionalizar o consumo, além dos programas de auditório que, por meio de suas receitas prontas, apresentam toda uma estrutura manipuladora.

Esquema

A análise do discurso deve ser considerada em função de quatro elementos: distância, modalização, tensão e transparência. Façamos agora a adequação desses elementos ao discurso autoritário e persuasivo.

1. Distância (atitude do sujeito falante face ao seu enunciado). – O sujeito falante é exclusivo. O enunciado está marcado por uma espécie de “desaparecimento” dos referentes. A voz do enunciador é mais forte do que os próprios elementos enunciados.
2. Modalização (modo como o sujeito constrói o enunciado). - O texto autoritário, persuasivo, possui traços muito peculiares: o uso do imperativo, o caráter parafrásico etc.
3. Tensão (relação que se estabelece entre o emissor e o receptor). - O emissor domina a fala do receptor; não abre espaço para a existência de respostas. É um eu impositivo, é a voz de quem comanda.
4. Transparência (maior ou menor grau de transparência, ou opacidade, do enunciado) – Tende a uma maior transparência, visto tornar-se um enunciado mais facilmente compreensível pelo receptor. A mensagem é mais claramente afirmada. Com isso, o signo tem seu grau de polissemia diminuído. A metáfora não convive muito bem com a violência do convencimento autoritário.

Discurso Acadêmico

Estrutura típica das dissertações científicas

A palavra “monografia” (estudo pormenorizado de determinado assunto relativamente restrito) costuma ser empregada em sentido lato, para designar indistintamente os gêneros maiores das dissertações científicas, e, em sentido restrito, especificamente, as teses acadêmicas. Tanto num sentido quanto no outro, essas monografias apresentam – ou costumam apresentar – uma idêntica estrutura do texto propriamente dito, embora possam divergir no que se refere a alguns elementos preliminares e pós-liminares.

A – Capa
A capa é geralmente de apresentação livre, devendo constar o nome do autor, o título, a indicação do editor e do local (cidade) e a data (ano) da publicação. Deve constar também a classificação do trabalho (mestrado ou doutorado) e patrocínio da empresa ou instituição, se for o caso.

B - Folha de rosto
Semelhante à capa, na folha de rosto deve constar os dados essenciais para identificação do trabalho.

C – Dedicatória

Havendo dedicatória, ela deve vir após a folha de rosto, geralmente no pé da página seguinte.

D – Agradecimentos

Nos trabalhos de pesquisa, deve constar agradecimentos a instituições, pessoas que lhe auxiliaram.

E – Sumário

O sumário é a enumeração das principais divisões, seções e outras partes de um documento, devendo localizar-se após a dedicatória.

F – Sinopse (ou resumo)

Sinopse é a apresentação concisa do texto de um artigo, obra ou documento que acompanha, devendo ser redigida pelo autor. Precede o texto e, dependendo da veiculação do trabalho, poderá vir também em outros idiomas.

G – Lista

Alguns trabalhos costumam apresentar também lista(s) de ilustrações, de tabelas, abreviaturas e símbolos, que devem preceder o texto.

H – Texto

O texto, que encerra a exposição da matéria, é a essência do trabalho e deve apresentar a seguinte estrutura:

1. Introdução – dá uma idéia clara e concisa do assunto, delineando sucintamente o plano de trabalho.
2. Método(s) – compreende não apenas a indicação dos processos adotados na apuração e análise dos fatos mas também a própria descrição ou exposição narrativa da experiência ou pesquisa e da aparelhagem e do material empregados.
3. Resultados – expõe aquilo que se apurou, se observou, e que vai, a seguir, ser analisado e discutido.
4. Discussão – é a interpretação dos resultados, indicação de sua importância. O estilo dessa parte é essencialmente argumentativo: trata-se de provar e comprovar com os fatos apurados, com a análise e interpretação deles, no sentido de convencer o leitor da consistência e validade da tese defendida pelo autor.

“Métodos”, “Resultados” e “Discussão” constituem o desenvolvimento, parte substancial de qualquer tipo de exposição e deve apresentar algumas características formais, como:

a) esclarecer devidamente o leitor quanto ao ponto de vista que se coloca o autor;
b) apresentar os fatos de maneira objetiva, distinguindo-se pelo exatidão das definições e das descrições, ordenando, encadeando as idéias de maneira clara e coerente;
c) evitar raciocínio falacioso;
d) demarcar nitidamente os estágios sucessivos da apuração dos fatos;
e) documentar adequadamente, mencionando sempre, e de acordo com as normas vigentes, as fontes bibliográficas, cuidando o autor em não apresentar como suas idéias alheias;
f) ilustrar, se necessário, com mapas, gráficos, tabelas, etc.

5. Conclusão – dependendo do enfoque do trabalho, pode apresentar uma série de inferências, a partir dos fatos apresentados: “Conclui-se, assim (portanto, em vista do exposto...) que: 1º ...; 2º...; 3º...etc.”, ou enlace das conclusões gerais a que se possa ter chegado.
6. Apêndice(s) ou anexo(s) – matéria suplementar apresentada por muitos trabalhos, constituídas de mapas, gráficos, ilustrações, tabelas, dados estatísticos etc.
7. Bibliografia (ou Referência bibliográfica) – deve vir ao final do trabalho e deve seguir um critério, de acordo com as normas vigentes.
8. Índice – é uma lista detalhada e por ordem alfabética dos assuntos, dos nomes próprios e outros dados, com a indicação de sua localização na obra.


Discurso: Publicitário

O texto publicitário nasce na conjunção de vários fatores, quer psico-sociais-econômicos, quer do uso daquele enorme conjunto de efeitos retóricos aos quais não faltam as figuras de linguagem, as técnicas argumentativas, os raciocínios. Ele pode tender à busca de uma originalidade instigante, ou seguir uma direção oposta, repetindo esquemas estereotipados, feitos em menor grau de originalidade, porém com igual força persuasiva.
Alguns esquemas básicos usados na publicidade a fim de obter o convencimento dos receptores:
1. O uso de estereótipos – esquemas, fórmulas já consagradas. A grande característica do estereótipo é que ele impede qualquer questionamento acerca do que está sendo enunciado, já que é algo de domínio público, uma “verdade” consagrada.
2. A substituição de nomes – mudam-se termos com o intuito de influenciar positiva ou negativamente. Eufemismos, metáforas e paranomásias se prestam a esses casos.
3. Criação de inimigos – o discurso persuasivo costuma criar inimigos mais ou menos imagináveis: sabão em pó versus sujeira, creme dental versus tártaro, produto versus concorrente.
4. Apelo à autoridade – chamamento a alguém que valide o que está sendo afirmado.
5. Afirmação e repetição – são dois importantes esquemas utilizados pelo discurso persuasivo, já que, como apregoava Goebbels, o teórico da propaganda nazista, “uma mentira repetida muitas vezes é mais eficaz do que a verdade dita uma única vez”.

Alguns raciocínios

1. Raciocínio apodítico – Possui tom de verdade inquestionável. O que se pode verificar aqui é o mais completo dirigismo de idéias; a argumentação é realizada com tal grau de fechamento, que não resta ao receptor qualquer dúvida quanto à verdade do emissor. Raciocínio implícito, cujo caráter imperativo torna indiscutível o enunciado. O receptor fica impedido de esboçar qualquer questionamento. É um raciocínio fechado em si mesmo que não dá margem a discussão.
2. Raciocínio dialético – Busca quebrar a inflexibilidade do raciocínio apodítico, apontando para mais de uma conclusão possível. No entanto, o modo de formular as hipóteses acaba por indicar a conclusão mais aceitável. É um jogo de sutilezas que consiste em fazer parecer ao receptor existir uma abertura no interior do discurso.
3. Raciocínio retórico – É um mecanismo de condução de idéias, capaz de atuar junto a mentes e corações, num eficiente mecanismo de envolvimento do receptor. Não se busca um convencimento apenas racional, mas também emotivo.

Discurso Religioso

É uma das formações discursivas mais explicitamente persuasivas. Estamos diante de um discurso de autoria sabida, porém não-determinada, visto que a fala do pastor se constrói como verdade não sua, mas do outro, aquele que, por ser considerado determinação de todas as coisas, apresenta-se como dogma, englobando todas as falas do rebanho de maneira inquestionável.

Mecanismos que acentuam a persuasão no discurso religioso:

- Uso do modo imperativo
- O vocativo subjacente
- A função emotiva
- O uso de metáforas
- Uso intenso de parábolas e paráfrase
- Uso de estereótipos

Discurso Jornalístico

O segredo da boa notícia depende da maneira compreensível como chega ao receptor. A regra primordial é narrar o fato simples e rapidamente, para que o público fique bem informado. Condena-se, portanto, o excesso de adjetivação; o máximo de informação deve ocupar o mínimo de espaço. A informação deve apresentar, na medida do possível, imparcialidade e objetividade.

Figuras de Linguagem ou de Retórica

a) Figuras de Palavras: ocorrem sempre que uma palavra se afasta do seu significado original, adquirindo outro, ou outros. Podem se de vários tipos:

1.Comparação: figura construída por meio de uma relação explícita de semelhança, fazendo uso de construções do tipo como..., tal ...como, tal...qual, assim como... etc.
Ex.: Há corações fechados que são como portas de que se perde a chave.
O I. R. é feroz como um leão.
Ela é tão perigosa quanto uma pantera.


2.Metáfora: também se apóia numa relação de semelhança só que esta não vem explícita, mas está subentendida.
Ex.: Ela é uma lebre.
O leão do I.R.

3.Metonímia: os seres ou objetos relacionados possuem relação direta e não são de universos diferentes como a metáfora.
Ex.: Li Machado de Assis. (autor pela obra)
A juventude é criativa. (abstrato pelo concreto)
Ganha a vida com o suor. (efeito pela causa)
Tomei um copo de limonada. ( continente pelo conteúdo)

4. Sinédoque: é um tipo de metonímia, apenas aquele que trata da parte pelo todo.
Ex.: Seus olhos a seguiam. (não eram apenas os olhos mas a pessoa toda)
Preciso de sua mão. (não é só da mão, mas do corpo todo)

5.Antonomásia: substituição do nome próprio ou comum por um título ou apelido que o distingue publicamente.
Ex.: A cidade maravilhosa não é tão fria quanto a cidade da garoa. (R.Janeiro e S.Paulo)
O rei do futebol é conhecido mundialmente. (Pelé)
A rainha dos baixinhos está muito feliz com sua primeira filha. (Xuxa)

6.Perífrase: é o rodeio de palavras que querem dizer o mesmo. Troca de uma palavras por uma frase.
Ex.: A professora Teresa escreveu um livro sobre a mais antiga das profissões. (prostituição)
Ninguém gosta de pensar em abotoar o paletó. (morrer)

7. Eufemismo: a diferença da perífrase é que esta também é uma figura de pensamento, pois a substituição de uma palavra por outra visa atenuar o sentido. Refere-se à morte, ou a qualquer outra situação que seja um tabu.
Ex.: Ele partiu. (morreu)
Hoje ela está incomodada. (menstruada)

8.Sinestesia: baseia-se na soma de sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos, troca um sentido pelo outro (tato, olfato, audição, visão, paladar).
Ex.: Vestiu um vestido de cor gritante. (visão e audição)
Tomou um banho de cheiro. (tato e olfato)
Que cheiro ardido! (olfato e tato)
Que gosto de cabo de guarda-chuva! (paladar e tato)


b) Figuras de Pensamento : são aquelas que se apóiam em idéias.


9.Antítese: confronta duas idéia opostas, que não ocorrem no mesmo ser ao mesmo tempo, a não ser quando se refira a partes diferentes de um mesmo ser.
Ex.: Ora ria, ora chorava.
No mais duro pau de espinho nasce uma rosa fragrante.

10. Paradoxo: contém idéias opostas como a antítese, no entanto, possui uma lógica incongruente, pois, em geral, ocorre no mesmo ser ao mesmo tempo.
Ex.: Ele chorava de rir.
Seu vestido roxo a vestia como se a despisse.
Sonhei acordado.

11.Ironia: é uma expressão que geralmente significa o contrário daquilo que está sendo dito.
Ex.: Vinte reais! O que você vai fazer com esta fortuna?
Você está linda neste vestido rosa choque!

12.Personificação ou Prosopopéia: é quando se dá vida ou características humanas àquilo que não é humano.
Ex.: Meu cachorro me sorriu latindo.
Aquele pudim estava piscando para mim, então não resisti à tentação.

13. Animalização: é quando se dá características de animais àquilo que não é um animal irracional.
Ex.: Meu patrão rugiu quando eu cheguei duas horas atrasado.
Toda vez que ela chamava, seu namorado a seguia abanando o rabo.

14.Reificação: é quando se características de seres inanimados aos seres animados.
Ex.: Fiquei plantada duas horas no consultório médico.
Seu amigo é uma mala sem alça, por favor não o chame para sairmos.

15.Hipérbole: é uma figura baseada no exagero.
Ex.: Por você eu chorei um rio de lágrimas.
Faz mil anos que o conheço.

16.Apóstrofe: é uma invocação ou vocativo com forte dose emotiva.
Ex.: Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?
Virgem Santíssima, o que será isso?

17.Gradação: é a disposição das idéias de forma gradativa, aumentando ou diminuindo.
Ex.: Você é a mulher mais linda do mundo, a mais bonita do Brasil, uma das 10 mais bonitinhas do bairro.
Eu ligaria para você mesmo que eu não tivesse os dedos, as mãos, os braços.

18. Alegoria: é uma frase ou texto com um sentido literal e outro figurado. Uso de lendas, fábulas, contos, mitos e personagens de histórias para realizar o discurso.
Ex.: Use Close Up para seu príncipe querer despertá-la.
Branca de Neve está fora de moda, faça um Bronzeamento artificial!

C) Figuras de construção: são aquelas que alteram a ordem das palavras nas frases.

19. Elipse: ocorre quando se evita repetir uma palavra, principalmente um verbo, que pode ser subentendido no contexto.
Ex.: João, contente com a notícia. (estava)
Antônio entregou um presente à Maria; ela , o seu coração. (entregou)

20.Polissíndeto: há a repetição da conjunção, ou conectivo, que liga as frases ou palavras.
Ex.: Vim, e vi, e venci.
Andava, e gritava, e chorava, em altos brados.

21. Assíndeto: contrariamente ao polissíndeto, não apresente nenhuma conjunção ou conectivo. É usado com o intuito de dar mais rapidez à frase, enquanto o polissíndeto dá mais lentidão.
Ex.: Vim, vi, venci.
Andava, gritava, chorava, em altos brados.

22.Anacoluto: é uma construção sintática, ou frase, interrompida por outra. Muitas vezes só tem sentido se o emissor e o receptor já conhecem previamente o contexto da informação.
Ex.: Se você quiser, o livro é barato.
Não sei o que ele quis dizer, não sou tão esquecida assim.
Eu que era linda, eis–me medonha.

23.Pleonasmo: é a repetição de uma informação já conhecida, apenas com o propósito de enfatizar o que se deseja.
Ex.: Seu amigo, não o vejo desde de ontem.
O almoço, Mário o pagou como presente de aniversário.
Atenção: cuidado com o pleonasmo vicioso, como: subir para cima, descer para baixo, etc.

24.Hipérbato: é uma inversão dos termos da frase, que deveriam estar numa ordem direta.
Ex.: Da sua ajuda, eu preciso.
Com ele, encontrei no shopping.

25.Silepse: é a concordância verbal ou nominal que se faz pela idéia e não pelo termo.
Gênero: S. Paulo é linda à noite.
Número: Encontrei aquele casal. Estavam muito felizes.
Pessoa: Os brasileiros somos criativos.

d) Figuras de Som
: preocupam-se principalmente com a sonoridade das palavras.

26.Anáfora: é a repetição de termos no início das frases ou versos.
Ex.: Há tempo para nascer.
Há tempo para morrer.

Amar é sorrir.
Amar é sofrer.


27.Aliteração: é a repetição do som consonantal.
Ex.: Vozes veladas veludosas vozes.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.

Ás cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos.

28.Assonância: é a repetição do som vocálico.
Ex.: Até amanhã sou Ana
Da cama, da cana, fulana, sacana.
(Chico Buarque)

I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes
Da ira ou da ilusão em tristes bacanais
(Rimbaud traduzido por Augusto de Campos)

29.Onomatopéia: é uma construção cujo som se assemelha ao que se quer representar.
Ex.: “Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Que já vem, que já vem, que já vem.

30.Paronomásia: é o encontro de duas palavras muito semelhantes quanto à forma.
Ex.: “Ser capaz ,como um rio, (...) de lavar
Do límpido a mágoa da mancha...”

Carteiro, cesteiro, certeiro...

Pedro pedreiro penseiro

31.Anagrama: são construções em que se pode depreender outras palavras de termos, frases, ou textos, como um jogo de montar.
Ex.: Amora – Aroma
Avon – Nova

M ãe das mães
A ngelical criatura
R i aos pequeninos
I ndica-nos o bem
A mor a todos oferece

Funções da Linguagem

Funções da Linguagem Aplicadas ao Discurso

No afã de encontrar fundamentos que indiquem ser a literatura uma modalidade específica da linguagem verbal, Roman Jakobson estabeleceu as funções da linguagem, e foi, pois, no meio do Formalismo Russo que se constituiu uma teoria para explicitar a literariedade do texto artístico.

O primeiro estudioso a propor uma teoria que diferenciava um sistema de linguagem prática e um sistema de linguagem poética foi Lev Jakubinskij, em 1916. Logo em seguida, em 1921, Roman Jakobson afirmava ser a poesia uma linguagem que se valia da função estética. A palavra aparecia aí como um valor autônomo. Já em 1933-1934, o mesmo autor identificava na poesia a função poética da linguagem, que se caracteriza como palavra e sintaxe que têm peso e valor próprio. Em 1935, numa série de conferências sobre o Formalismo Russo, Jakobson volta a afirmar ser da natureza da poesia o uso dominante da função poética da linguagem. Nesse caso, a linguagem se apresenta orientada para o signo enquanto tal. Na obra poética, outras funções subsidiárias aparecem, mas elas estão submetidas à função dominante. A função poética também pode aparecer em textos não literários, mas aí ela será mera coadjuvante.

É , no entanto, de 1960 o estudo de Roman Jakobson sobre “ Lingüística e poética” que retomou suas teorias da década de 20 sobre a função estética da linguagem. O quadro teórico foi desenvolvido com base na Lingüística Geral e na Teoria da Comunicação.

A comunicação verbal baseia-se na interação dos seguintes fatores: emissor, destinatário, contexto, mensagem, contato, código. Ainda que isoladamente, esses fatores dão origem a uma função. No entanto, uma delas predomina sobre as outras.

O que significa a palavra função?

Samira Chalhub em Funções da linguagem afirma que as mensagens mostram sua marca e traço no efeito que provocam, em seu modo de funcionamento. A linguagem estrutura-se em função do fator de comunicação (referente, emissor, receptor, canal, mensagem, código) a que se inclina. Veja-se o caso da propaganda cuja marca principal é a persuasão do receptor; a organização da mensagem neste caso, implicará traços conativos da linguagem utilizada.
Os fatores interessantes no ato de comunicação são:
Remetente: emissor, destinador.
Destinatário: receptor, ouvinte, leitor.
Canal: meio (jornal, emissora de rádio ou televisão, carta, telegrama, fax, telefone, diálogo).
Código: língua portuguesa, língua inglesa.
Contexto: referente conceitual, ambiente em que se dá a comunicação.
Mensagem: texto (a mensagem alude a um contexto extralingüístico, ou a um referente conceitual). A mensagem literária, no entanto, é autotélica, ou seja, refere-se a si mesma. Luísa, de O Primo Basílio, não existe senão no romance de Eça de Queiroz.

A mensagem não é neutra; ela tem um objetivo, uma finalidade: transmitir conteúdos intelectuais, exprimir emoções e desejos, hostilizar pessoas ou persuadi-las, incentivar ações, esconder ou publicar fatos, evitar o silêncio.

O sentido de uma mensagem advém em parte dos fatores de comunicação a que ela se dirige. Ou seja, o sentido depende em parte dos fatores de comunicação a que ela se dirige. Ou seja, o sentido depende em parte do elemento focalizado: o remetente? O destinatário? A mensagem? O código? O canal? O referente? Por isso, uma mensagem pode ter funções diferentes conforme o fator do processo de comunicação focalizado.

A linguagem pode ser utilizada para alcançar os mais diversos fins. Dependendo do objetivo, o emissor lançará mão de determinados elementos da linguagem. Função pode ser entendida como serventia. Assim, a linguagem serve para comunicar, para exprimir emoções, para levar o receptor a uma ação, para agradar, embelezar, para esclarecer algo da própria linguagem ou, simplesmente, para manter viva a comunicação.

Função referencial ou de comunicação

Fundamento de toda comunicação; sua principal preocupação é estabelecer relação entre a mensagem e o objeto a que se refere. Por isso, denota, referencia, informa. É uma função que procura essencialmente dar à linguagem qualidades de objetividade, verificabilidade, evitando ambigüidades e confusões entre a mensagem e a realidade codificada. O redator que privilegia esta função usa vocábulos precisos para que a comunicação se estabeleça e não haja concessão à expressividade. A linguagem é exata, clara, transparente, denotativa, centrada no referente. Neste caso, há informação bruta, enxuta, sem comentários nem juízos valorativos. Lingüisticamente, a função referencial é marcada pelo uso da terceira pessoa verbal, pela ausência de valoração (portanto, adjetivação comedida) e pela pontuação racional, evitando, assim, reticências, aspas, interrogações e exclamações. Dessa forma, enquanto função valorizada principalmente pela ciência, pela linguagem burocrática e técnica, pelo jornalismo, ela ainda encontra acolhida na literatura de características realistas.

A função referencial é utilizada para produzir textos impessoais, objetivos, que são projetados para veicular informações úteis ao leitor. São classificados como textos referenciais os informes (notas informativas, comunicados, relatórios administrativos ou financeiros), as resenhas (textos que remetem a referentes reais _ acontecimentos _ e textuais _ filmes, peças teatrais, livros).


Função expressiva ou emotiva

Estabelece relação entre a mensagem e o emissor. Quando utiliza esta função, o redator, embora também exponha idéias sobre o referente (função referencial), tem em vista, principalmente, exteriorizar emoções, apresentar sua atitude em relação ao objeto, que poderá ser bom, ruim, belo, feio, agradável, desagradável. Não há preocupação com o referente nem com o receptor, mas com as afirmações do eu. A função emotiva é marcada por interjeições, pontuação (exclamação, reticência, interrogação, aspas), manifestações de alegria, medo, dor, uso da primeira pessoa verbal, por adjetivos que revelam o ponto de vista do emissor, por advérbios. Exprime a atitude do emissor diante do conteúdo que quer transmitir, diante de seu mundo ambiente. Esta função serve para revelar a personalidade do emissor, por advérbios. Exprime a atitude do emissor diante do conteúdo que quer transmitir, diante de seu mundo ambiente. Esta função serve para revelar a personalidade do emissor. As canções populares desditosas, as novelas que se centram na expressão dramática de sentimentos para comover o receptor, a pintura expressionista são manifestações dessa função. No jornalismo moderno, os editoriais podem ser classificados como mensagens que se valem da função expressiva, pois neles é relevante a presença do remetente, de seus juízos, sentimentos, juízos valorativos, subjetivos, impressionistas.

Enquanto o Realismo valoriza a função referencial, o Romantismo prioriza a função emotiva. Essas funções, no entanto, podem aparecer em qualquer movimento artístico.

O lirismo e, conseqüentemente, o poética não é exclusivo do texto exposto em verso. Há prosas que são poéticas e textos em versos que são prosa. A função expressiva é fundamental, nesse aspecto, para distinguir um texto de outro.

Função apelativa ou conativa


É a função que está centrada no destinatário; tem como objetivo influenciar-lhe o comportamento ( o termo conatus do Latim significa procurar influenciar alguém por meio de esforço); estabelece entre a mensagem e o receptor, uma vez que toda comunicação objetiva obter do receptor uma reação. É representada gramaticalmente pela segunda pessoa verbal, pelo imperativo e vocativo. Quando a situação exige objetividade, atenção rigorosa do receptor e o emissor sente que é necessário influenciá-lo a tomar uma decisão, a função de linguagem mais indicada é a conativa. Ela se desvencilha da linguagem doce, repleta de subterfúgios e eufemismos e introduz elementos de ordem. Em vez de seria interessante que você providenciasse, utiliza: insistimos que você deve providenciar, ou: providencie a entrevista, respeitando a pauta estabelecida. Atualmente, é a função por excelência das mensagens publicitárias, já que é utilizada para produzir textos impressivos, persuasivos, sedutores.

O uso da função conativa é também comum na literatura, revelando sua preocupação pragmática desde os primórdios. Na tragédia grega, por meio do terror e da piedade, o artista buscava o efeito da purificação das emoções do espectador do drama teatral. Esse efeito é chamado de catarsis. Essa preocupação moralista estava implícita na arte grega, mas não na cultura romana, que se caracteriza pela normatividade e moralismo. A arte passa então a ser concebida como apresentação de modelos a serem seguidos, visando, pois modificar o comportamento do fruidor da obra de arte. Assim, assume a função de divertir e ensinar.

Também a música popular brasileira às vezes se vale da função conativa da linguagem.

Função poética ou estética

Função da linguagem que consiste na atualização das potencialidades estruturais da língua. Estabelece relação da mensagem consigo mesma. As caracterísitcas físicas do signo (som e visualização) são valorizadas; o sentido que daí advém não é previsto numa mensagem convencional, utilizada nas relações diárias. Em um texto que utiliza a função poética, valoriza-se a forma da mensagem. Exemplos: poesia, prosa literária, textos dramáticos.

Tomando, por exemplo, um poema, os sons produzidos serão valorizados, como a macieza das consoantes bilabiais, ou a sibilância das constritivas; também o desenho do poema, da letra, a imagem que provoca na imaginação, tudo isso é valorizado.

Na prosa literária, tanto quanto na poesia, o referente é a própria mensagem. O texto não remete o leitor a uma realidade extralingüística. A preocupação não é com a verdade, mas com a verossimilhança. Às vezes, na arte literária pode até ocorrer violação e transgressão intencional da norma padrão, uma vez que há nela a criação de uma linguagem nova. Pode haver ruptura da norma, mas não do código. A intenção é produzir um texto que emocione e não produzir um texto informativo.

A função poética centra-se na própria mensagem. Nela, o ritmo, a sonoridade e a estrutura da mensagem têm importância relevante, provocando um efeito de estranhamento (espanto) no destinatário. Além disso, ensina Jakobson que a função poética projeta o princípio de equivalência do eixo da seleção no eixo da combinação. Isto quer dizer que selecionar e combinar, as duas formas de elaborar uma mensagem verbal, correspondem ao paradigma e ao sintagma. Escolhem-se os sons ou as palavras (paradigma) e estes se combinam com outros sons e palavras (sintagma).


Função fática

O objetivo da função fática é estabelecer a comunicação, controlar sua eficácia, prender a atenção do receptor, ou cortar a comunicação. Está centrada no contato físico ou psicológico. Apenas aproxima receptor e emissor. Exemplos: alô, né, não é, sabe, bom dia!, você está me entendendo? A troca de palavras serve sobretudo para criar laços. A palavra é utilizada não para transmitir algo, mas como meio para curtir uma companhia. Cumprimentos são importantes particularmente porque indicam normalidade de relações, enquanto sua ausência pode significar estemecimento de relações das pessoas de um grupo. Assim, também, as palavras de cortesia que têm a função não de informar, mas de estabelecer contato, de reconhecimento da outra pessoa, de companheirismo. Os bate-papos de final de tarde num barzinho não têm finalidade outra que o contato; o conteúdo deles é irrelevante.

Nas mensagens escritas, o uso da função fática tem em vista facilitar a comunicação.Assim, há técnicas utilizadas na comunicação escrita que possibilitam maior legibilidade ao texto, como uso de itálico, sublinhado, negrito, caracteres maiúsculos, aspas, disposição do texto na folha de papel. Além desses elementos tipográficos, há os de construção, como escolha das palavras e estruturas frasais. Há palavras, por exemplo, que são mais rapidamente percebidas como as curtas, as antigas, as de formas simples, as polissêmicas. As palavras curtas (menos de três sílabas) são decodificadas muito mais rapidamente que as longas; as antigas, já de domínio estabelecido, também são facilmente reconhecidas; as de formas simples, sem prefixação, sufixação e composição, de igual modo, permitem rapidez na decodificação. Palavras com maior carga polissêmica, em geral, são utilizadas com mais freqüência que as de menor carga monossêmica ; por isso, aquelas têm utilização maior e são decodificadas com maior rapidez.

Numa comunicação que se deseja eficaz, como é o caso do jornalismo e da publicidade, também se devem evitar as palavras raras, especializadas (jargões), preciosas e as complexas (como inteligibilidade, razoabilidade, manutenibilidade). O redator, atento à função fática da linguagem, perceberá que certas redundâncias, estrategicamente colocadas, são necessárias à legibilidade do texto.
Quanto à construção da frase, jogam contra a legibilidade da mensagem as frases excessivamente longas, recheadas de orações subordinadas intermináveis. O limite da extensão da frase depende do público-alvo do texto, mas é de notar que melhor resultado colhem as frases bem articuladas, ou seja, as que apresentam com clareza sujeito, predicado, adjuntos. Assim, as palavras que estão intimamente ligadas não devem permanecer distantes umas das outras. Palavras importantes devem ocupar lugar estratégico dentro da oração. Freqüentemente, o início da frase é lugar de maior visibilidade que o fim. Inversões sintáticas arrojadas dificultam a leitura e a compreensão do texto. Os clichês tão malvistos quanto à inventividade são às vezes justificáveis em virtude da legibilidade. Evitem-se também o excesso de pormenores, de comparações sem fim.

Mensagens científicas, filosóficas ou literárias podem empobrecer-se se as técnicas apresentadas forem considerada; no entanto, no texto jornalístico, ou nas mensagens em que se tem em vista a eficácia, a contribuição delas é relevante.


Função metalingüística

Esta função está centrada no código, isto é, seu objeto é a própria linguagem e seu objetivo é definir o sentido dos signos que dificultam a compreensão do receptor.Serve para dar explicações ou precisar o código utilizado pelo emissor. Tem por objetivo a própria língua.

Enquanto o Classicismo via a arte como uma forma de conhecer o mundo, com estilo direto, redundância de pormenores, índices de realismo ingênuo, que procura apreender o real sem ambigüidade (função referencial); o Neoclassicismo privilegia a função conativa; o Romantismo interessa-se pela função emotiva; e o Modernismo privilegia o próprio código verbal; a preocupação do artista é distanciar-se do mundo, dando à palavra valor absoluto. Por isso, volta-se para a palavra, para o fazer poético ou literário.

Não apenas a literatura moderna se vale da função metalingüística; no jornalismo também é freqüente a utilização desta função.


Simultaneidade e transitividade das funções da linguagem

A simultaneidade e a transitividade aqui dizem respeito à coexistência de várias funções numa mesma mensagem. Uma função pode existir ao lado de outra. Ora, como para cada elemento do processo de comunicação corresponde uma função da linguagem e como em uma comunicação há mais de um objetivo, em uma mensagem sempre haverá uma superposição de funções, variando apenas o grau de evidência de cada uma delas, ou hierarquia delas. A determinação da função predominante depende da finalidade da comunicação.

A organização da mensagem enfatiza uma das funções conforme o objetivo, e as demais funções dialogam subsidiando a função principal. Assim, ao lado da função referencial, numa comunicação cotidiana, poderá haver a concorrências das funções expressiva e conativa. Aliás, é muito raro encontrar numa mensagem apenas uma dessas seis funções. Freqüentemente, elas se superpõem. Uma ou outra função será a dominante e determinará o tipo de mensagem (referencial, expressiva, conativa, fática, metalingüística, poética).






Bibliografia:

ANDRADE, Maria Margarida de & MEDEIROS, João Bosco. Curso de Língua portuguesa para a Área de Humanas. S.Paulo, Ed. Atlas, 1997.

Comunicação


Como os homens se comunicam?

A comunicação humana é uma relação social que se estabelece entre duas ou mais pessoas que desejam trocar informações, idéias e compartilhar sentimentos ou conhecimentos. O ser humano utiliza inúmeros signos universais de comunicação: o choro, para expressar aborrecimento; o sorriso, para manifestar alegria; o beijo e o abraço, para transmitir afeto. As pessoas não se comunicam apenas por meio de gritos, gestos ou símbolos: a comunicação humana se faz, principalmente, pela palavra.

“ A palavra distingue os homens entre os animais; a linguagem, as nações entre si _ não se sabe de onde é um homem antes de ter ele falado. O uso e a necessidade levam cada um a aprender a língua de seu país, mas o que faz ser essa língua a de seu país e na ao de um outro? A fim de explicar tal fato, precisamos reportar-nos a algum motivo que se prenda ao lugar e seja anterior aos próprios costumes, pois, sendo a palavra a primeira instituição social, só a causas naturais deve a sua forma.
Desde que um homem foi reconhecido por outro como um ser sensível, pensante e semelhante a ele próprio, o desejo ou a necessidade de comunicar-lhe seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar meios para isso. Tais meios só podem provir dos sentidos, pois estes constituem os únicos instrumentos pelos quais um homem pode agir sobre outro. Aí está, pois, a instituição dos sinais sensíveis para exprimir o pensamento. Os inventores da linguagem não desenvolveram esse raciocínio, mas o instinto sugeriu-lhes a conseqüência.”
“...Apresentam-nos a linguagem dos primeiros homens como línguas de geômetras e verificamos que são línguas de poetas...Daí se conclui, por evidência, não se dever a origem das línguas às primeiras necessidades dos homens; seria absurdo que da causa que os separa resultasse o meio que os une. Onde, pois, estará essa origem? Nas necessidades morais, nas paixões. Todas as paixões aproximam os homens, que a necessidade de procurar viver força a separarem-se. Não é a fome ou a sede, mas o amor, o ódio, a piedade, a cólera, que lhes arrancaram as primeiras vozes. Os frutos não fogem de nossas mãos, é possível nutrir-se com eles sem falar; acossa-se em silêncio a presa que se quer comer; mas , para emocionar um jovem coração, para repelir um agressor injusto, a natureza impõe sinais, gritos e queixumes.”

O ato de comunicação

Em todo processo de comunicação intervém necessariamente um conjunto de fatores: um emissor ou pessoa que perante um estímulo codifica, elabora e transmite para outra _ o receptor _ uma informação ou mensagem sobre o mundo ou sobre si mesmo, dentro de um referente ou contexto. Para transmitir essa mensagem, o emissor emprega um conjunto de signos, que se combinam de acordo com regras _ código ou língua. Seu meio de difusão é um meio físico _ o canal. Exemplo: o ar, no caso das ondas sonoras; o papel, no caso do texto impresso.


ELEMENTOS DE COMUNICAÇÃO

Em cada ato de comunicação podem ser identificados os seguintes elementos:

1. o emissor, destinador ou remetente: é o indivíduo ou grupo de indivíduos que envia a mensagem;
2. o receptor ou destinatário: é o indivíduo ou grupo de indivíduos a quem a mensagem é endereçada;
3. a mensagem: é o conteúdo das informações transmitidas;
4. o canal de comunicação ou contato: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida;
5. o código: é, no caso das mensagens verbais, uma língua na qual o emissor codifica a mensagem que o receptor irá decodificar. Além das línguas, existem outros códigos, organizados a partir de cores, formas, movimentos etc. Para que a transmissão da mensagem seja eficiente, emissor e receptor devem dominar o mesmo código;
6. o referente ou contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.

O conhecimento dos componentes do ato de comunicação permite-nos exercer uma avaliação mais consciente da nossa posição nas diferentes situações comunicativas do cotidiano. No caso da leitura e da produção de textos – que são os principais objetivos dos estudos de língua portuguesa - , a reflexão sobre esses elementos torna nosso trabalho mais eficaz. Observe:


Comunicação não-lingüística

Na vida cotidiana utilizamos freqüentemente _ como emissores ou receptores _ diversos signos não-lingüísticos: o sorriso amável, o aperto de mãos, os cumprimentos. São os códigos sistemáticos. Também existem os códigos sistematizados convencionais de representação gráfica (códigos de trânsito, planos, mapas e códigos numéricos).Eles auxiliam na organização e identificação das pessoas (RG, CIC) e das coisas (placas de carros, números de telefones).

Procedimentos não verbais

Os principais são os pictogramas e os ideogramas:
• Os pictogramas são desenhos figurativos que exprimem um conteúdo significativo simples ou complexo, como a escrita hieroglífica egípcia, os quadrinhos, as charges.
• Os ideogramas são signos representativos de um conceito, ou idéia, que podem ser percebidos diretamente sem passar por seus equivalentes em palavras: símbolos abstratos das escritas cuneiforme e chinesa. Também são numerosos entre os símbolos matemáticos, físicos e químicos. Têm ainda relação próxima com os logotipos, que remetem a marcas e produtos e são importantes na publicidade.


Comunicação lingüística

É o sistema de signos lingüísticos usados pelos homens para transmitir seus pensamentos e sentimentos. É a linguagem que proporciona o autoconhecimento e que permite a percepção da realidade, a transmissão dos conhecimentos e o progresso humano.


Leitura – quando você lê um texto, seu papel é o de receptor. O emissor, ao produzir o texto, tem em mente um determinado objetivo: um jornalista, um escritor, um publicitário manuseiam de formas diferentes o código e o canal de comunicação na construção de diferentes mensagens, que podem tratar de vários referentes. Como leitor consciente, você deve procurar no texto as marcas que traduzem a intenção de quem o produziu – informar, entreter, transmitir prazer, convencer, seduzir, vender, enganar são intenções possíveis. A leitura se torna mais consciente e crítica quando é considerada em toda sua trama comunicativa.


Escrita – quando você produz um texto, seu papel é o de emissor. Nessa nova situação, é você quem deve considerar as características sociais e psicológicas do receptor a fim de tornar a mensagem interessante. O sucesso de seu texto dependerá da conjugação de um eficiente manuseio do código e das informações de que você dispõe sobre o referente com o uso apropriado do canal de comunicação. Dependerá também da sua capacidade de adequar seu texto às expectativas de quem o vai ter e às finalidades que você pretende alcançar.

Níveis de Linguagem

Toda nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, sendo, portanto, o suporte de uma dinâmica social, que compreende não só as relações diárias entre os membros da comunidade como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa, até a vida cultural, científica ou literária.

A língua funciona como um elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade em que ele atua. É através dela que a realidade se transforma em signos pela associação de significantes sonoros a significados arbitrários, com os quais se processa a comunicação lingüística. É, com efeito, na língua e pela língua que indivíduo e sociedade se determinam mutuamente. A sociedade não é possível a não ser pela língua; e pela língua também o indivíduo. O despertar da consciência na criança coincide sempre com o aprendizado da linguagem, que a introduz pouco a pouco como indivíduo na sociedade. Assim, a linguagem representa a forma mais alta de uma faculdade que é inerente à condição humana, a faculdade de simbolizar. Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo.

Não devemos, porém, cometer o erro de condicionar diretamente a língua aos fatores culturais ou raciais, embora se reconheça que pode haver uma ligação entre eles, em especial no que se refere ao vocabulário de uma língua. Existe uma ciência, chamada sociolingüística, que estuda a diversidade lingüística; levando em conta três dimensões: a do emissor, a do receptor e a da situação ou contexto.

A primeira envolve a identidade social do emissor, onde as diferenças de fala se condicionam com a estratificação social; a segunda envolve a condição social do receptor ou ouvinte, seria relevante onde quer que vocabulários especiais de respeito sejam usados em se falando com superiores; a terceira engloba todos os elementos relevantes possíveis no contexto de comunicação, com exceção da identidade dos sujeitos envolvidos.

Várias são as tentativas de classificação desses fatores extralingüísticos, que influem na maneira de falar, e elas envolvem distinções geográficas, históricas, econômicas, políticas, sociológicas, estéticas. Logo, podemos dizer que as variações extralingüísticas que podem manifestar-se no diálogo são de três espécies:


1. Geográficas
: que envolvem variações regionais.
2. Sociológicas: que compreendem as variações provenientes da idade, sexo, profissão, nível de estudos, classe social, localização dentro da mesma região, raça, as quais podem determinar traços originais dentro da linguagem individual.
3. Contextuais: que constam de tudo aquilo que pode determinar influências na linguagem do locutor, por influências alheias a ele, como, por exemplo, o assunto, o tipo de ouvinte, o lugar em que o diálogo ocorre e as relações que unem os interlocutores.

Pode-se dizer que a linguagem é um princípio de classificação social, pois influem na linguagem o contexto social do enunciado específico, a posição social do locutor, sua origem geográfica e sua idade.

Tratando-se da variedade da individualidade do saber lingüístico, podemos Ter dos grandes grupos:

1. Variedades sincrônicas:
cronologicamente simultâneas, que compreenderiam as variações causadas por fatores geográficos (dialetos ou falares próprios de influência regional _ cidade, vila ou aldeia); sócio-culturais (família, classe, padrão cultural, atividades habituais); e estilísticos (observadas de momento para momento na atividade lingüística de um único sujeito, traduzindo-se na escolha de formas e esquemas combinatórios a usar);
2. Variedades diacrônicas, que compreendem aquelas dispostas em vários planos de uma só tradição histórica.

A fala do indivíduo considerada isoladamente dentro do grupo, não é sempre a mesma. A isto se acrescenta que a linguagem toma diferente colorido segundo o tema da conversação. Considerando ainda as variações da linguagem, podemos levar em conta os seguintes fatores:

1. As diferenças entre gerações;
2. As diferenças dialetais entre comunidades;
3. As diferenças entre os meios sociais;
4. As diferenças ligadas às condições em que se produziu o diálogo.

O rádio, a televisão, o cinema e a imprensa mostram variações de língua de toda ordem, identificações entre tipos sociais e lingüísticos, entre comportamentos individuais e estruturas específicas para representá-los. Além disso, podemos acrescentar outro fator de igual importância no condicionamento social: a propaganda.
Esta, para atingir seus objetivos, busca uma aproximação mais eficiente com o público consumidor, procurando uma variação de linguagem como forma de identificação com o consumidor-ouvinte. E isto tem colaborado até para uma nova compreensão do problema erro na língua, aceitando a comunidade padrões antes repudiados, num processo de desmitificação da chamada linguagem padrão (norma culta).

É interessante refletir acerca de até que ponto o conhecimento lingüístico expresso pelo indivíduo no diálogo revelaria seu nível de linguagem, pois o indivíduo não sabe apenas falar mas sabe também como outros falam. Além das formas e esquemas lingüísticos de que habitualmente se serve ao funcionar como emissor na multiplicidade de atos de fala que diariamente realiza, ele conhece outras formas e esquemas que não utiliza mas que são usados por outros, sem Ter a necessidade de realizar um grande número de formas que os outros atualmente produzem. Assim, os conhecimentos lingüísticos utilizados pelo indivíduo ao se expressar na fala seriam um idioleto produtivo. Já o idioleto receptivo seria os conhecimentos passivos, provenientes da linguagem do emissor. Levemos em consideração que o idioleto é a língua enquanto falada pelo indivíduo.


A Sociolingüística , a Etnolingüística e a Psicolingüística são três ciências que estudam as variedades lingüísticas sob o ponto de vista social, étnico e psicológico.

Conforme já citamos acima, podemos levar em consideração três variedades:

1. Geográficas (ou diatópicas): é o plano horizontal da língua, onde concorrem as comunidades lingüísticas, formando os chamados regionalismos, provenientes de dialetos ou falares locais. Conduzem a uma oposição fundamental: linguagem urbana/ linguagem rural. A primeira cada vez mais próxima da linguagem comum, pela ação decisiva que recebe dos fatores culturais (escola, meios de comunicação de massa, literatura). A segunda, mais conservadora e isolada, extingue-se com a chegada da ‘civilização’. Ex.: falares: amazônico, nordestino, baiano, fluminense mineiro, sulino, etc.
2. Sócio-culturais (ou diastráticas): ocorrem no plano vertical da língua, isto é, dentro da linguagem de uma comunidade específica (urbana ou rural). Podem se influenciadas por fatores ligados diretamente ao falante (ou ao grupo a que pertence), ou à situação ou a ambos simultaneamente. Entre eles:
Idade;
Sexo (diferenças determinadas devido aos tabus morais, diferenciadores da linguagem do homem e da mulher, que atualmente não mais existem devido à influência dos meios de comunicação de massa);
Raça (etnia ou cultura);
Profissão (seria o caso do vocabulário de vendedores ambulantes, de médicos, de advogados);
Posição social (de acordo com o status do falante ou do ouvinte existe uma maior preocupação com a linguagem);
Grau de escolaridade (é o caso do domínio da norma culta, como: a concisão, a economia lingüística e o uso das formas cultas);
• Local em que reside na comunidade (existem diferenças nas áreas urbanas, enfatizadas na fala, ou fonologia da língua);
Religião (vocabulário específico de cada crença).

Dentro das variações sociais teríamos a linguagem culta ou padrão e a linguagem popular ou subpadrão. O dialeto culto é eleito pela própria comunidade como o de maior prestígio, refletindo um índice de cultura a que todos pretendem chegar. O dialeto social culto é quase sempre usado pela literatura e por outras espécies de linguagem escrita, exceto, as cartas familiares, a literatura dita popular ( o cordel, por exemplo), os diálogos mais realistas dos romances, os versos das músicas populares etc.

Quanto ao léxico, ou vocabulário, há maior variedade na linguagem culta, maior precisão no emprego dos significados maior incidência de vocábulos técnicos; ao passo que na linguagem popular, predomina o vocabulário restrito, o uso abusivo da gíria, de recursos enfáticos e obscenos. Há, além disso, um dialeto intermediário entre o culto e o popular, sendo o dialeto comum. O uso de uma ou de outra variedade importa sempre num problema de maior ou menor prestígio. O dialeto social culto se prende mais às regras da gramática tradicionalmente considerada, normativa, muito mais conservadora, ao passo que o dialeto popular é mais aberto às transformações da linguagem oral do povo.

Dá-se o nome de níveis de fala, ou níveis de linguagem ou registros, às variações determinadas pelo uso da língua pelo falante, em situações diferentes. Estas variações quanto ao uso da linguagem pelo mesmo falante, em função das variações de situação, podem ser de duas espécies: nível de fala ou registro formal, empregado em situações de formalidade, com predominância da linguagem culta, comportamento mais tenso, mais refletido, incidência de vocabulário técnico; e nível de fala ou registro coloquial, para situações familiares, diálogos informais onde ocorre maior intimidade entre os falantes, com predominância de estruturas e vocabulário da linguagem popular, gíria e expressões obscenas ou de natureza afetiva. Os limites entre o registro formal e o coloquial são indefinidos, por isso existe um nível de fala intermediário entre o formal e o coloquial, correspondendo ao dialeto comum.

A variação de uso da linguagem pelo mesmo falante, ou seja, a dos níveis de fala ou registros, poderia também ser chamada de variedade estilística, no sentido de que o usuário escolhe, de acordo com a situação, um estilo que julga conveniente para transmitir seu pensamento, em certas circunstâncias. Falamos, então, em um estilo formal e um coloquial ou informal.

Estrutura morfossintática dos dialetos sociais

Dialeto Culto
• Indicação precisa das marcas do gênero, número e pessoa;
• Uso de todas as pessoas gramaticais do verbo;
• Emprego de todos os modos e tempos verbais;
• Correlação verbal entre tempos e modos;
• Coordenação e subordinação;
• Maior utilização da voz passiva;
• Largo emprego de preposições nas regências;
• Organização gramatical da frase;
• Variedade de construções da frase


Dialeto Popular
• Economia nas marcas de gênero, número e pessoa;
• Redução das pessoas gramaticais do verbo;
• Redução dos tempos da conjugação verbal;
• Falta de correlação verbal entre os tempos;
• Redução de processo subordinativo em beneficio da frase simples e da coordenação;
• Maior emprego da voz ativa, em lugar da passiva;
• Predomínio das regências diretas nos verbos;
• Simplificação gramatical da frase;
• Emprego dos pronomes pessoais retos como objetos.
Resumindo:

Dialetos sociais:

1. Culto: possui padrão lingüístico; maior prestígio social; usado em situações formais, por falantes cultos; possui um vocabulário mais amplo e técnico.
2. Popular: subpadrão lingüístico; menor prestígio; usado em situações menos formais; seu vocabulário é restrito; está fora do padrão gramatical; usa gírias, linguagens obscenas e familiares.
3. Comum: é o utilizado na maioria das situações, está entre o culto e o popular, ora possui características de um , ora do outro.

Níveis de fala ou registros
:

1. Formal:
usado em situações de formalidade; predomina a linguagem culta; emprega um comportamento lingüístico mais refletido; utiliza um vocabulário técnico.
2. Coloquial: utilizado em situações familiares ou de menor formalidade; predomina a linguagem popular; uso de gírias, linguagem familiar ou afetiva, expressões obscenas.
3. Comum: é a fala do dia-a-dia, que utiliza tanto características do nível formal como do coloquial.

domingo, 23 de maio de 2010

Texto Literário e Não-Literário

Texto literário e não-literário

O que é um texto?

De acordo com o Dicionário de Comunicação: texto é “ todo conjunto analisável de signos. Um enunciado qualquer falado ou escrito. ( O texto pode coincidir com uma frase, um verso, uma fragmento de conversa, e mesmo com a língua na sua totalidade.)”.

No dicionário Aurélio texto é “1. Conjunto de palavras ou frases escritas: o texto de um livro, de um estatuto, de uma inscrição. 2. Obra escrita considerada na sua redação original e autêntica (por oposição a sumário, tradução, notas, comentários,etc.): o texto da Bíblia; o texto da lei.. 3. Restr. Palavras bíblicas que o orador sacro dita, fazendo-as tema de sermão. 4. Página ou fragmento de obra característica de um autor: um texto de Machado de Assis. 5. Texto (1) manuscrito ou impresso (por oposição à ilustração). 6. Qualquer texto (1) destinado a ser dito ou lido em voz alta: um texto teatral; o texto de um noticiário.

Já no dicionário etimológico, texto são “ ‘as próprias palavras de um autor, livro ou escrito’. Do latim textum –i ‘entrelaçamento, tecido’, ‘contextura (duma obra)’.” Podemos assim concluir, que o texto pressupõe um entrelaçamento de diversos elementos, signos, palavras, que o compõem. Este conceito também pode se extender a tudo o que trabalhe com signos, mesmo as linguagens que não utilizam o signo verbal. Por exemplo, uma foto, um quadro, um cartaz , um outdoor, podem ser um texto.


Você saberia diferenciar um texto literário de um texto não-literário?

Ainda de acordo com o dicionário etimológico, liter –al, -ário, -ato, -atura, vem de letra, “ ‘cada um dos caracteres do abecedário’, ‘sentido claramente expresso pela escrita’, ‘os versos das canções’, ‘carta’ ...”. Já a palavra literário vem do latim, litterarius, séc. XVI.

Atualmente, um texto literário pode abordar qualquer tema. Não há conteúdos exclusivos da literatura nem avessos a seu domínio. Dizer que é ficcional, coloca em evidência aspectos importantes da obra literária, porém de difícil solução: como diferençar o real do fictício em situações concretas? Como, por exemplo, uma aparição da virgem para um cético e para um crente.

Um texto literário tem função estética, enquanto que o não-literário tem função utilitária (informar, convencer, explicar, responder, ordenar etc). Um texto literário não quer apenas dizer o mundo, mas recriá-lo nas palavras; importa não só o que se diz mas também como se diz.

Leia os textos abaixo e confira. O primeiro é uma notícia de jornal, ou texto não-literário. O segundo é um texto criativo, um poema, por isso, literário:

Dois tiros e D. Maria quase perde a vida

Maria não queria viver sozinha no barraco acanhado.
Abandonada pelo companheiro, dois filhos a criar, a faxineira desempregada conseguiu um revólver e partiu para a tentativa de suicídio.
A história, segundo a polícia, é que o companheiro de Maria, homem branco, motorista, já era casado. E Maria, mulher negra, no momento sem emprego, vivia amasiada há cinco anos. No último fim de semana, o casal se desentendeu e o homem resolveu voltar para a esposa legítima. Maria não tolerou o abandono. Agora, está hospitalizada, em estado grave. Os filhos estão com parentes.

Notícia de Jornal

Tentou contra a existência
Num humilde barracão
Joana de Tal
Por causa de um tal João

Depois de medicada
Retirou-se pro lar
Aí a notícia
Carece de exatidão

O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste
Que errou

Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou

Ninguém morou
Na dor que era o seu mal
A dor da gente
Não sai no jornal

(Luís Reis e Haroldo Barbosa)


Glossário:

O texto literário é aquele que se preocupa com a forma, com a estética, com a maneira como se escreve. Usa um vocabulário polissêmico, ou seja, que possui vários significados. Usa figuras de linguagem. Predomina a função poética.
Ex.: Pivete

O texto não-literário preocupa-se com a informação. Predomina a função informativa. O que importa é o que se escreve. Usa a objetividade e o vocabulário monossêmico, que possui apenas um significado.
Ex.: cartas comerciais, notícias, etc

TEXTO LITERÁRIO E NÃO-LITERÁRIO

TEXTO LITERÁRIO:função estética,conotativo, como se diz, forma, subjetivo, desautomatização, plurissignificativo, polissêmico.

TEXTO NÃO-LITERÁRIO: função informativa, o que se diz, conteúdo, objetivo, automatização, monossignificativo, monossêmico.

Línguagem.Língua. Discurso. Estilo.


O que seria a linguagem?
Linguagem

De acordo com Rocha Lima: “em sentido amplo pode-se entender por linguagem qualquer processo de comunicação”:
a) a mímica, usada pelos surdos-mudos e pelos estrangeiros que não sabem a língua de um país;
b) o semáforo, sistema de sinais com que se dão avisos aos navios e aivões que se aproximam das costas ou dos aeroportos;
c) a transmissão de mensagens por meio de bandeiras ou espelhos ao sol, empregado por marujos, escoteiros,etc.
Para a lingüística, porém, só apresenta interesse aquele tipo de linguagem que se exterioriza pela palavra humana, fruto de uma atividade mental superior e criadora. Há dois tipos de expressão lingüística : a falada e a escrita.”

Línguística seria a ciência que estuda a linguagem, particularmente, a linguagem articulada, ou seja, a língua, ou linguagem verbal.

De acordo com Celso Cunha e Lindley Cintra, “Linguagem é um conjunto complexo de processos _ resultado de uma certa atividade psíquica profundamente determinada pela vida social _ que torna possível a aquisição e o emprego concreto de uma língua qualquer” e “Usa-se também o termo para designar todo sistema de sinais que serve de meio de comunicação entre os indivíduos. Desde que se atribua valor convencional a determinado sinal, existe uma linguagem, ou seja, a linguagem falada ou articulada.”
Temos assim a linguagem da pintura, da escultura, da arquitetura, da dança etc.

Língua

O que seria a língua?

Os signos compõem a língua, sistema de expressão e de comunicação de um grupo social, povo ou nação.
Por exemplo: os brasileiros falam a língua portuguesa.

Para os mesmos autores já citados, “a língua é um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos. Expressão da consciência de uma coletividade, a língua é o meio por que ela concebe o mundo que a cerca e sobre ele reage. Utilização social da faculdade da linguagem, criação da sociedade, não pode ser imutável; ao contrário, tem que viver em perpétua evolução, paralela à do organismo social que a criou.”

“A língua é a criação, mas também o fundamento da linguagem _ que não poderia funcionar sem ela _ ; é , simultaneamente, o instrumento e o resultado da atividade de comunicação. Por outro lado, a linguagem não pode existir, manifestar-se e desenvolver-se a não ser pelo aprendizado e pela utilização de uma língua qualquer. A mais freqüente forma da manifestação da linguagem _ constituída de uma complexidade de processos, de mecanismos, de meios expressivos _ é a linguagem falada, concretizada no discurso, ou seja, a realização verbal do processo de comunicação.”


Discurso

E o que você entende por discurso?

O discurso é um dos aspectos da linguagem _ o mais importante _ e, ao mesmo tempo [...], a forma concreta sob a qual se manifesta a língua. O discurso define-se, pois, como o ato de utilização individual e concreto da língua no quadro do processo complexo da linguagem. Os três termos estudados _ linguagem, língua, discurso designam no fundo três aspectos, diferentes mas estreitamente ligados, do mesmo processo unitário e complexo.”
A partir do momento em que utilizamos os signos para compôr uma língua ou linguagem, temos o Discurso , que vem a ser a atividade língüística do indivíduo, o ato de comunicação verbal, a língua, ou a linguagem em uso. Assim, temos o discurso da dança quando dançamos ou quando assistimos a um espetáculo, o mesmo ocorre com o cinema, com a música, com a pintura, etc.

Estilo

O que seria estilo?

Rocha Lima ainda nos diz que “A língua é um sistema: um conjunto organizado e opositivo de relações, adotado por determinada sociedade para permitir o exercício da linguagem entre os homens”.

“A contribuição pessoal do indivíduo, manifestada na seleção, por ele feita, dos recursos que a língua subministra, é o que se chama, em sentido lato _ estilo, que Sêneca já havia definido como ‘o espelho da alma’.”

Sêneca foi um poeta latino que escreveu sátiras. Viveu na época de Nero, sendo seu preceptor, ou seja, professor.


“Os aspectos regionais de uma língua, que apresentam entre si coincidência de traços lingüísticos fundamentais, constituem os dialetos.”

“Calão é a língua especial das classes que vivem à margem da socidade, de caráter acentuadamente esotérico, artificialmente ‘fabricada’_ diz Dauzat _ para se poderem compreender entre si os indivíduos de certo grupo, sem serem entendidos pelos não-iniciados. Inspirada na dissimulação dos malfeitores, cria um conjunto de convenções que a estremam da língua-comum a que pertence, posto que nesta se desenvolva e emaranhe.”

“Gíria é a língua especial de uma profissão ou ofício, de um grupo socialmente organizado, quando implica por sua vez, educação idiomática deficiente. A gíria atinge a fraseologia e, especialmente, o vocabulário, já pela criação de palavras, já por se atribuírem novos valores semânticos às existentes. Freqüentemente, a serviço da expressividade ela se insinua na linguagem familiar de todas as camadas sociais.”

“A gírias dos grupos sociais de cultura elevada dá-se o nome de línguas profissionais ou técnicas. Em diferentes graus, têm sua linguagem mais ou menos especializada os médicos, os engenheiros, os filósofos, os diplomatas, os economistas, etc.”


Cada indivíduo, tem o seu modo de fazer um discurso, da mesma maneira, de acordo com a época ou com o lugar em que vive ou viveu, o indivíduo terá seu estilo de fazer um discurso. Assim, o estilo é o modo peculiar com que uma pessoa exprime seus pensamentos ou emoções. Cada autor tem seu estilo próprio, por exemplo, Machado de Assis tinha seu estilo de escrever, Renoir tinha seu estilo de pintar, Fernanda Montenegro tem seu estilo de representar, etc.

Signo



O que você entende por signo?

De acordo com o Dicionário Aurélio, signo pode ser uma entidade constituída pela combinação de um conceito, denominado significado, e uma imagem acústica, denominada significante. Sendo que a imagem acústica de um signo lingüístico não é a palavra falada, ou seja, o som material, mas a impressão psíquica deste som, segundo Saussure; no uso corrente, contudo, o termo signo designa freqüentemente a palavra.
Signo também pode ser todo objeto, forma ou fenômeno que representa algo distinto de si mesmo: a cruz significando ‘cristianismo’; a cor vermelha significando ‘pare’ (código de trânsito) ; uma pegada indicando a passagem de alguém ; as palavras designando ‘coisas (ou classe de coisas)’ do mundo real; etc.

Ferdinand de Saussure, foi um lingüista suíço, ou ainda, o inventor da lingüística, ciência que estuda a linguagem, particularmente, a linguagem articulada. Ele foi o primeiro a estudar o signo e a categorizá-lo, observando, em primeiro lugar que o signo tem duas faces: o significante e o significado.


“Para que uma língua cumpra os seus fins”, segundo Edward Lopes, “é necessário que os membros de uma comunidade, que compartilham as mesmas experiências coletivas se coloquem previamente de acordo quanto ao sentido que vão atribuir às partes da corrente sonora que emitem e ouvem. Em outras palavras, é preciso que concordem em atribuir a determinados conjuntos fônicos, produzidos em certas situações, o poder de traduzir um determinado elemento da sua experiência histórica. Esse contrato social funda o convencionalismo do signo.”

No dicionário de comunicação encontramos que o signo “é tudo aquilo que sob certos aspectos e em alguma medida, substitui outra coisa, representando-a para alguém, definição de Charles Sanders Pierce...uma das primeiras teorias do signo foi proposta por Santo Agostinho: ‘um signo é uma coisa que, além da espécie ingerida pelos sentidos, faz , por ela própria, vir ao pensamento qualquer outra coisa’... ‘O signo representa o presente em sua ausência, o substitui. Quando não podemos tomar ou mostrar a coisa, passamos pelo desvio do signo, definição de J. Derridá...Para Saussure, ‘o signo lingüístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica’... ‘o elo que une o significante ao significado é arbitrário, ou antes, pois que entendemos por signo o total resultante da associação de um significante e um significado, podemos dizer, simplesmente, que o signo lingüístico é arbitrário.”

É ainda Edward Lopes quem diz: “ Generalizando o alcance de suas experiências, os falantes de cada língua associam, assim, de modo arbitrário, por uma ‘relação puramente simbólica’ , um conteúdo (=sentido) a uma expressão. A condição de inteligibilidade para a comunicação lingüística é dada pela correspondência de escolhas efetuadas no plano da expressão a outras escolhas efetuadas no plano do conteúdo. Ao falar ou ouvir a palavra ‘casa’ /kaza/, por exemplo, compreendemos que essa seqüência de sons diferentes de qualquer outra seqüência , refere-se a um significado ‘espaço construído pelo homem para lhe servir de habitação’ diferente de qualquer outro significado. Se isso ocorrer, o conjunto de sons /kaza/ transforma-se em signo lingüístico.”

Charles Sanders Peirce foi um filósofo americano, responsável pela Semiótica, ou teoria dos signos, viveu no séc. XVIII.
Jacques Derridá foi um filósofo francês deste século, estudioso da linguagem.
Santo Agostinho foi um pensador canonizado pela igreja.
/kaza/ é a trasncrição fonética da palavra casa, ou seja, a forma como é representado o som da palavra.

Assim sendo, podemos considerar que o signo é composto de duas partes:

- uma idéia, algo inicialmente apenas mental, que é o que nós, emissores, queremos transmitir para o outro – o receptor. Este algo é o conteúdo do que queremos transmitir, o significado (significado é algo que temos na nossa mente, mas ainda não passamos para o receptor).
- Uma junção de fonemas (sons significativos de uma língua, isto é, sons das letras) que formam vocábulos, ou palavras, que compõem o código (ou língua) para decifrarmos o que o emissor nos quer transmitir; o significado. Denominamos esta união de fonemas de significante.

O signo é composto de significante + significado. Caso um desses dois elementos falte, a comunicação ficará prejudicada ou simplesmente não ocorrerá.

Exemplo:

“- Como se diz quando uma pessoa está esperando por algo, muito nervosa, preocupada, cheia de aflição? (significado)
- Diz-se que a pessoa está apreensiva.” (significante)

Observe na imagem, uma propaganda do cigarro Carlton, e verifique que o significante, seria o quadro pintado e o significado seria o desejo do pintor em retratar a modelo nua.

Que outro exemplo de signo você seria capaz de citar? Qual seria seu significado? E seu significante?

Os signos também podem ser dividir em índices, ícones e símbolos.

Para Edward Lopes, “a relação natural ou não-convencional, entre o significante e o significado, é uma característica decisiva dos índices, suficiente para distinguir índice de signo artificial....O único relacionamento existente , nos processos indiciais, é o que se estabelece entre o signo (fumaça, nuvem, enxurrada...) e o referente extralingüístico (fogo, chuva iminente ou passada).”

“Há também os sinais não-sígnicos: o ícone ou imagem...Há , em tais casos, uma certa similitude visual entre o significante e o significado”.

“Os ícones se aproximam bastante da natureza dos índices (motivação necessária), mas não se confundem com este porque a fonte produtora dos ícones é a mente humana, ao passo que, no caso dos índices, como vimos, a fonte produtora do sinal é um elemento da natureza, uma força não-cultural.”

Já “os símbolos são objetos materiais que representam noções abstratas... A representação do símbolo é sempre deficiente ou inadequada parcialmente em relação ao conjunto das noções simbolizadas, porque o símbolo é a parte do todo que é o conteúdo abstrato com o qual se relaciona...a relação entre o símbolo e o conteúdo simbolizado é pelo menos parcialmente motivada: a figura de uma caveira com duas tíbias cruzadas representar a morte”.

Cite um exemplo diferente de ícone, índice e símbolo:

Quanto à origem, os signos podem ser: naturais, os que existem independentemente de nossa vontade, como o trovão, que indica a existência de chuva, e a fumaça, que indica a existência de fogo, por exemplo; ou artificiais, os que são um produto cultural, criados pelo homem, como é o caso da escrita, do cinema, da música, da dança, etc.

Já, quanto às formas de representação, os signos também podem ser: verbais (palavras) ou não-vebais (sons, imagens, gestos, etc). Neste caso, os signos passam a compôr o que se chama de Linguagem, qualquer forma de expressão (verbal ou não-verbal) utilizada para se comunicar, como, por exemplo, a linguagem dos surdos-mudos, a linguagem do cinema, a linguagem da dança, a linguagem do teatro, a linguagem das artes plásticas, etc.

Glossário:

Signo

Signo é tudo o que em certa medida, de certa maneira, representa algo para alguém. São signos: os símbolos, os ícones, os índices.

De acordo com Saussure, o signo possui duas faces:
a) o significante: escrita , fala
b) o significado: a imagem mental que chega até nós no momento em que percebemos um signo.
Ex.: noite
a) cada uma das letras que formam a palavra, o som da palavra
b) momento do dia em que a Terra é iluminada pela Lua


Quanto à origem, o signo pode ser:
a) natural: que existe independente de nossa vontade. Ex.: o trovão, a fumaça, o raio
b) artificial: que é criado pelo homem, produto cultural. Ex.: a escrita, o cinema, a fotografia etc.

Quanto às formas de representação o signo pode ser:
a) verbal: é a fala ou escrita, a língua. Ex.: português, inglês
b) não-verbal: qualquer outra manifestação que não seja a língua. Ex.: a dança, a pintura, a escultura, a arquitetura, o cinema, o teatro etc.

Percepção


De acordo com o dicionário Aurélio, percepção vem do latim perceptione e significa ato ou efeito de perceber. Perceber, vem do latim percipere, que quer dizer, apoderar-se de, adquirir conhecimento de, por meio dos sentidos; formar idéia de; abranger com a inteligência; entender, compreender; conhecer , distinguir, notar; ouvir, ver ao longe; divisar, enxergar. O que este conceito tem a ver com Comunicação e Expressão?

Para nos comunicarmos, precisamos perceber o mundo a nossa volta, as pessoas, os sinais, as imagens, as marcas, os sons, fazermos um reconhecimento do contexto que nos cerca. Bem, as mesmas ações que já fazemos automaticamente, devemos fazer com relação aos textos, às imagens, a tudo o que procurarmos reconhecer ou compreender.

Dois autores: Lúcia Santaella e Gil Carlos Pereira trabalham com a percepção. A primeira, de uma maneira mais geral e abrangente, já o segundo, de uma maneira específica para a preparação da leitura e compreensão de textos. Ambos identificam três etapas, ou três momentos para que a percepção se concretize; ora são chamados de momentos, ora de olhares. Vejamos seus conceitos.

A percepção, de acordo com Lúcia Santaella possui três momentos. O primeiro momento é o da intuição, do acaso, da sensação, do vago, da indefinição, é o que Gil Carlos Pereira chama de momento do olhar de apreensão, quando apenas se vê os elementos significativos de um texto. O segundo momento é o da ação, do encontro, da observação, do reconhecimento, para Santaella; para Gil Carlos, é o momento da compreensão, quando se dá sentido aos elementos levantados. O terceiro momento é o do entendimento, da reflexão, da assimilação, para a autora; para o autor, é o momento da conceituação, da síntese, da incorporação desses elementos à nossa realidade.

Percepção

A percepção possui três momentos:
1º momento: da intuição, acaso, sensação, vago, indefinição
2º momento: da ação, encontro, observação, reconhecimento.
3º momento: do entendimento, da reflexão, da assimilação.

Os três olhares

Com a metodologia dos três olhares, pode-se exercitar os três momentos do pensar:
a) a apreensão – ver os elementos significativos de um texto;
b) a compreensão – dar sentido aos elementos levantados;
c) a conceituação, a síntese – incorporar esses elementos à nossa realidade.

Bibliografia:

Para saber mais:
1. Sobre percepção:

PEREIRA, Gil Carlos. A Palavra: Expressão e Criatividade. S.Paulo, Ed. Moderna, 1ª ed., 1997.

SANTAELLA, Lúcia. A Percepção: uma teoria semiótica. S.Paulo, Ed. Experimento, 1993.